Confira os grandes surtos de fomes no socialismo em números
Por Nicolas Carvalho de Oliveira
Antes de tudo é bom ressaltar que, por serem ditaduras, naturalmente é mais difícil documentar qualquer coisa (especialmente saber com exatidão o número de mortos) nos regimes socialistas pelo fato do governo ocultar os dados que não lhe convém, de inexistir uma mídia que não seja a oficial do governo junto com uma barreira à entrada da mídia internacional. Outro dificultador é o fato das denúncias feitas por um nativo ser vista como crime passível de severas punições, como campos de trabalho forçado (notoriamente as gulags de Stálin e os "centros de correção" norte-coreanos) ou o sempre prático paredão de fuzilamento.
Os governos socialistas, como a maioria das ditaduras modernas, também tentam reescrever a história. Por exemplo: na China, que ainda tem o Partido Comunista no poder, a fome de Mao é atenuada nos livros oficiais do governo e a culpa é transferida para "as condições climáticas desfavoráveis". Nesse caso, discordar do governo e pedir para ser preso é a mesma coisa.
Destruída pela Primeira Guerra Mundial, pela Guerra Civil e pela ineficiente economia socialista de Vladimir Lênin, a Rússia passou por um terrível período de fome em que alguns camponeses recorreram até ao canibalismo.
Número estimado de mortes: 5 milhões (segundo o professor e especialista em história russa Orlando Figes da Universidade de Londres) de uma população de 88 milhões em 1920.
A segunda grande fome soviética em apenas 14 anos de URSS, causada pela coletivização forçada da agricultura à mando de Stálin. Muitos historiadores sustentam a tese de que Stálin provocou a morte dos ucranianos propositalmente, na sua caça aos chamados ''kulaks''.
Número estimado de mortes: 7 milhões (segundo Robert Conquest, historiador e especialista em União Soviética) de uma população de 29 milhões em 1930.
A grande fome da China Comunista (1958-1962)
"Grande Salto Adiante". Esse foi o nome escolhido por Mao Tsé-Tung para o seu insano planejamento econômico de superação da produção ocidental em apenas 15 anos. Com o inevitável fracasso dessas políticas econômicas, o sofrido povo chinês conheceu estágios ainda mais profundos de miséria.
Número estimado de mortes: 45 milhões (segundo o professor e historiador especialista em história da China moderna Frank Dikötter da Universidade de Hong Kong) de uma população de 654 milhões em 1957.
Com a dissolução da União Soviética, os países socialistas remanescentes viram o seu cenário econômico piorar ainda mais, com a queda na importação dos produtos, sobretudo alimentos, provenientes da URSS. Para agravar a situação na Coreia do Norte, secas e inundações arruinaram as colheitas e fizeram os norte-coreanos, que já viviam numa dieta espartana, buscar nutrientes em tudo que estivesse ao alcance, inclusive esterco e cascas de árvore.
Número estimado de mortes: de 1.5 a 2.5 milhões (segundo o dissidente Hwang Jang-yop, ex-alto-funcionário da Coréia do Norte) de uma população de 21 milhões em 1993.