Por Fellipe Villas Bôas
A Argentina é um dos países mais complexos de se analisar politicamente, desde o boom econômico no início do século XX até a decadência dos dias atuais.
Mas se tem algo que é possível notar é o fascínio que eles possuem por líderes controversos e histórias melancólicas.
O fenômeno de Juan Domingo Perón e sua icônica Evita encarnaram perfeitamente esse anseio popular. Com filmes e musicais, o casal Perón foi além da política e mergulhou na cultura argentina, criando um efeito que perdura até os dias de hoje.
![]() |
Néstor e Cristina Kirchner, ao fundo Perón e Eva |
Um armadilha cognitiva que só é possível ser quebrada por pessoas que não aceitam jogar o jogo nos termos do inimigo.
Pessoas autênticas, politicamente incorretas, que fazem você notar o mundo falso criado por atores de péssima qualidade, é o que faltou na Argentina.
Nos EUA, Trump soube usar a situação de Hillary com a justiça. Rebatendo em um dos debates com a frase “because you’d be in jail”, “porque você estaria na cadeia” em tradução literal, emplacando manchetes até em veículos de imprensa que eram claramente favoráveis a Hillary.
No Brasil, Jair Bolsonaro vinha construindo sua candidatura muito antes de se postular oficialmente. Conseguindo emplacar várias frases marcantes, que deixavam claro sua posição contra a criminalidade e a corrupção. Monopolizando a cobertura midiática em volta de si, Bolsonaro conseguiu dominar o debate mesmo sem tempo de televisão.
As frases marcantes, os embates com jornalistas e o dialogo aberto e franco com o eleitor e a defesa dos valores conservadores, são as marcas daquilo que ficou conhecido como “populismo de direita”, que tanto assombra a esquerda e os sociais democratas.
Na Argentina, Juan José Gómes Centurión tentou: atacou o aborto e o politicamente correto, mas não soube trabalhar a própria imagem. Fazendo a linha de candidato centrado, Centurión não chamou a atenção dos argentinos e acabou apagado com a falsa polarização de Macri com Alberto Fernández.
Outra opção à direita, José Luis Espert fez a linha técnico, sem se envolver em temas morais, teve uma participação pouco expressiva.
Se posicionando contra o porte de armas, relativizando o aborto e implantando políticas econômicas de cunho socialista, Mauricio Macri cumpriu seu papel de alternativa à esquerda do teatro das tesouras, fazendo o trabalho de desaparecer com a direita conservadora ou liberal.
Assim fica fácil entender o motivo do pânico da esquerda com figuras como Donald Trump e Bolsonaro.
0 Comentários
Os comentários ofensivos e anônimos serão apagados. Daremos espaço à livre manifestação para qualquer pessoa desde que não falte com o respeito aos que pensam diferente.